segunda-feira, 29 de abril de 2013

POEMA DA SEMANA

Palavras para a Minha Mãe
       
mãe, tenho pena. esperei sempre que entendesses
as palavras que nunca disse e os gestos que nunca fiz.
sei hoje que apenas esperei, mãe, e esperar não é suficiente.

 
pelas palavras que nunca disse, pelos gestos que me pediste
tanto e eu nunca fui capaz de fazer, quero pedir-te
desculpa, mãe, e sei que pedir desculpa não é suficiente.

 
às vezes, quero dizer-te tantas coisas que não consigo,
a fotografia em que estou ao teu colo é a fotografia
mais bonita que tenho, gosto de quando estás feliz.

lê isto: mãe, amo-te.

eu sei e tu sabes que poderei sempre fingir que não
escrevi estas palavras, sim, mãe, hei-de fingir que
não escrevi estas palavras, e tu hás-de fingir que não
as leste, somos assim, mãe, mas eu sei e tu sabes.

José Luís Peixoto
 

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Poema da Semana

O FUTURO

Isto vai meus amigos isto vai
um passo atrás são sempre dois em frente
e um povo verdadeiro não se trai
não quer gente mais gente que outra gente.


Isto vai meus amigos isto vai
o que é preciso é ter sempre presente
que o presente é um tempo que se vai
e o futuro é o tempo resistente.

Depois da tempestade há a bonança
que é verde como a cor que tem a esperança
quando a água de Abril sobre nós cai.

O que é preciso é termos confiança
se fizermos de Maio a nossa lança
isto vai meus amigos isto vai.


José Carlos Ary dos Santos

quinta-feira, 18 de abril de 2013

CONCURSO DE FOTOGRAFIA

A Biblioteca Escolar promove um concurso de fotografia para captar momentos mágicos de leitura.
 
Desafiamos a criatividade de toda a comunidade educativa!
 


Regulamento do Concurso

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Poema da Semana

A MEMÓRIA É UM NOVELO

Novelo

de pequenas
artérias
rebentadas

por ali
escorre a
memória

a pulsação
que dói

quem não recorda
não vive

não desenrola
o fio
que redime

Yvette K. Centeno

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Yvette Centeno na BE

Yvette Centeno esteve na BE para um encontro com os alunos do 9º5 e, entre outros assuntos, falou sobre a importância da leitura e da escrita para o conhecimento em geral.

terça-feira, 9 de abril de 2013

Poema da Semana

NOCTURNO

Eram, na rua, passos de mulher.
Era o meu coração que os soletrava.
Era, na jarra, além do malmequer,
espectral o espinho de uma rosa brava...

Era, no copo, além do gim, o gelo;
além do gelo, a roda de limão...
Era a mão de ninguém no meu cabelo.
Era a noite mais quente deste verão.

Era no gira-discos, o Martírio
de São Sebastião, de Debussy....
Era, na jarra, de repente, um lirio!
Era a certeza de ficar sem ti.
 
Era o ladrar dos cães na vizinhança.
Era, na sombra, um choro de criança...
 
David Mourão-Ferreira



sexta-feira, 5 de abril de 2013

No próxino dia 9 de abril, pelas 15.15h, a BE tem o prazer de receber

 Yvette Centeno
 
 
Yvette K. Centeno nasceu em Lisboa, em 1940, numa família de origem germano-polaca. Em sua casa a música e a literatura estiveram sempre presentes. Licenciou-se em Filologia Germânica com uma dissertação sobre O homem sem qualidades, de Musil, e doutorou-se com uma tese sobre A alquimia no Fausto de Goethe. Foi Professora Catedrática da Universidade Nova de Lisboa, desde 1983 até 2008, onde fundou o Gabinete de Estudos de Simbologia, atualmente integrado no Centro de Estudos do Imaginário Literário.Tem publicado literatura infantil, ensaio de investigação, poesia, teatro e ficção. Grande parte da sua obra foi traduzida em França, Espanha e Alemanha. Entre os autores que traduziu contam-se Shakespeare, Goethe e Stendhal.

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Poema da Semana

Cavalo de várias cores

Quero um cavalo de várias cores,
Quero-o depressa que vou partir.
Esperam-me prados com tantas flores,
Que só cavalos de várias cores
Podem servir.

Quero uma sela feita de restos
Dalguma nuvem que ande no céu.
Quero-a evasiva - nimbos e cerros -
Sobre os valados, sobre os aterros,
Que o mundo é meu.

Quero que as rédeas façam prodígios:
Voa, cavalo, galopa mais,
Trepa às camadas do céu sem fundo,
Rumo àquele ponto, exterior ao mundo,
Para onde tendem as catedrais.

Deixem que eu parta, agora, já,
Antes que murchem todas as flores.
Tenho a loucura, sei o caminho,
Mas como posso partir sózinho
Sem um cavalo de várias cores ?

Reinaldo Ferreira