Aqui fica o convite para se recordar o 25 de abril de 1974 com a leitura de 2 poemas, a seguir transcritos, e o visionamento da película de Sérgio Graciano intitulado O implicado que estreou a 14 deste mês. Este filme, em jeito de biografia e inspirando-se na obra de António Sousa Duarte, centra-se na figura icónica do capitão Salgueiro Maia.
Nesta imagem de tropas e tanques dos soldados de abril, no Largo do Carmo, vemos Salgueiro Maia à esquerda, a caminhar. (Fonte da Imagem: Centro de Documentação 25 de abril - Universidade de Coimbra).
"A Rapariga do País de Abril
Habito o sol dentro de ti
descubro a terra aprendo o mar
rio acima rio abaixo vou remando
por esse Tejo aberto no teu corpo.
E sou metade camponês metade marinheiro
apascento meus sonhos iço as velas
sobre o teu corpo que de certo modo
é um país marítimo com árvores no meio.
Tu és meu vinho. Tu és meu pão.
Guitarra e fruta. Melodia.
A mesma melodia destas noites
enlouquecidas pela brisa no País de Abril.
E eu procurava-te nas pontes da tristeza
cantava adivinhando-te cantava
quando o País de Abril se vestia de ti
e eu perguntava atónito quem eras.
Por ti cheguei ao longe aqui tão perto
e vi um chão puro: algarves de ternura.
Qaundo vieste tudo ficou certo
e achei achando-te o País de Abril."
Manuel Alegre (in 30 Anos de Poesia, D. Quixote)
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"A Cor da Liberdade
Não hei-de morrer sem saber
Qual a cor da liberdade.
Eu não posso senão ser
Desta terra em que nasci.
Embora ao mundo pertença
E sempre a verdade vença,
Qual será ser livre aqui,
Não hei-de morrer sem saber.
Trocaram tudo em maldade,
É quase um crime viver.
Mas embora escondam tudo
E me queiram cego e mudo,
Não hei-de morrer sem saber
Qual a cor da liberdade."
Jorge de Sena (in Obras de Jorge de Sena, Poesia, Ed. 70)
A Profª Bibliotecária: Ana Cristina Tavares