FAREED ZAKARIA, Dez lições para um Mundo Pós-Pandemia.
Editora Gradiva
Estamos a falar de um dos autores que mais tem refletido sobre
o modelo ocidental de democracia. Após a pandemia, novos desafios se colocaram.
É importante, por isso, atermo-nos ao essencial e tirar algumas ilações e
procurar novas respostas para os problemas.
A primeira lição é que
termos que viver com mais doenças e “pragas” que podem assolar as nossas mais
elementares formas de vida. O efeito “cascata” foi sentido por todos. É preciso
estar vigilante e não “brincar com o fogo”. Temos várias peças em cima do
tabuleiro como sejam, as alterações climáticas, a economia financeira e seu
domínio, desigualdade social, guerras, a tecnologia digital e seus impactos,
etc. e, no entanto, continuamos a “fechar os olhos” e a viver como se nada se
passasse.
A 2ª lição é que a
quantidade e o crescimento em direção a um progresso infinito é um mito que já
caiu. A qualidade importa muito mais e tem a ver com uma melhor gestão dos
recursos e das potencialidades das pessoas.
A 3ª lição é que as
pessoas contam. Os mercados não são suficientes e numa economia global temos que
ter um “contrato social” mais exigente. Não interessa tanto o regime ou
ideologia política mas os resultados que os governos podem alcançar numa
“governança” para além do PIB (Produto Interno Bruto) que mede a riqueza dos
países.
A 4ª lição é que tem que haver uma interação entre o que os
técnicos especialistas dizem, no que toca à ciência, e o modo de vida das
pessoas. As pessoas têm que se convencer que têm que mudar de hábitos. Se assim
não for, a desigualdade social vai ser maior (lição 7). Num mundo digital
preparamo-nos, agora, para enfrentar novos desafios, como a Inteligência
Artificial (com a biotecnologia incluída) e a revolução no tipo de trabalho ou
emprego que tal implicará para as pessoas. Isso reforçará a nossa “humanidade”
se formos capazes de apostar no que em nós há de especificamente humano.
A lição 6 é a máxima
de Aristóteles “somos animais sociais”, e perante todos os desafios que se
colocam à sociedade contemporânea, temos que “estar unidos”. Na pandemia,
apesar das diferenças, o essencial uniu-nos no objetivo de “salvar vidas” e
ganhar a batalha contra o vírus. Isso também colocou o enfoque na exigência de
mais associação e participação das pessoas e, será um dos modos de reforçar a
democracia. O papel da cidade e do campo ganhou outra dimensão. As pessoas
querem “qualidade” e exigem respostas, cada vez mais, diversificadas e interativas.
A vida social, talvez, se torne mais imperativa, exigindo cidadãos que tomem
parte da cidade e menos tecnocrática e competitiva.
A lição 8, é que a globalização vai continuar a confrontar o contrapoder dos países. O que acarreta o risco da lição 9 – o mundo está cada vez mais bipolar. E colocar-nos perante o desafio ancestral da “lei do mais forte”. Seremos cada vez mais humanos, na medida em que conseguirmos ultrapassar estes chavões e valorizar aquilo que nos caracteriza como espécie – termos boas ideias. Quanto mais idealistas melhor!
E tu, o que pensas?
Boas leituras e reflexões!
A
equipa da BE
Professora Isabel Nunes de Sousa