Embalou o corpo entre o encanto e o desencontro, numa fantasia de movimentos. Foi a grande criadora da dança moderna e fez da expressão da vida uma pintura de encanto. Atuou muitas vezes em Portugal e deu a quem teve o privilégio de ver os seus espetáculos uma oferta de encantamento. Dela temos a memória de uma coreografia onde exprimiu de um modo sublime o sentimento, o corpo e a graça.
Os seus movimentos foram tão belos que as palavras são uma imperfeição. Por momentos podemos pensar que há criadores que ultrapassam as palavras, as impedem de devolver a substância dos gestos, "a pedra" de que a intimidade soube respirar. Resta-nos uma memória viva da sua graça, da sua sabedoria, pois o encantamento do corpo e o encantamento do sorriso, ou o desencanto são também formas de sabedoria. As imagens do corpo, da dança, e da precariedade da vida tão ambiciosos em sonhos, mas tão limitados na eternidade.
A morte, pode ser "uma deslocação dentro da vida", um dano pouco relevante no mecanismo universal do universo, mas é para nós que vivemos numa dimensão de realidade diferente, é sempre um insulto à experiência que se perde. Na memória retenhamos quem nos trouxe a nossa própria dimensão de frente para os olhos. De onde nos admirámos do que sabemos ser possível construir e do que inevitavelmente perderemos. No Dia Mundial da Dança lembremos o seu nome, uma artista enorme, no melhor sentido da palavra. Pina Baush!
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