O Mocho e o Lobo
O lobo andava no mato e o mocho estava em cima de um pinheiro no ninho.
O lobo enroscou o rabo no pinheiro como quem o queria serrar. O mocho de cima disse-lhe:
— ó compadre, não me serres o pinheiro, senão os meus filhos caem abaixo e morrem.
Responde o lobo:
— Pois se não queres que eu serre o pinheiro, anda tu cá abaixo.
O mocho não queria, mas afinal sempre veio vindo de galho em galho, e depois disse para o lobo:
Lobo, o que queres de mim?
O lobo respondeu:
Anda cá mais abaixo, que quero dizer-te um recado.
O mocho respondeu:
Diz daí, que eu ouço bem.
O lobo tornou a dizer:
Anda cá, que eu não te faço mal.
O mocho descuidou-se e desceu, e o lobo passou-lhe os dentes e meteu-o na boca.
O mocho de dentro da boca do lobo disse:
— Eh! Compadre, não me comas, que eu quero fazer testamento!
O lobo disse-lhe:
— Não, mas agora no galheiro estás tu.
Diz o mocho:
— Então deixa-me ir despedir-me lá acima da árvore dos meus filhos.
O lobo disse:
— Não, que, depois, nunca mais voltavas.
Disse então o mocho:
— Olha, ao menos hás-de dizer três vezes, que é para eles saberem: Mocho comi.
O lobo disse muito baixinho, para não abrir a boca: Mocho comi.
O mocho disse-lhe:
— ó compadre, fala mais alto, senão não ouvem.
O lobo tornou a repetir: Mocho comi, já mais alto. Responde o mocho:
— Mais alto, senão eles não ouvem.
Nisto o lobo escachou a boca para gritar mais alto e dizer: Mocho comi.
O mocho, mal apanhou a boca aberta, abalou para cima do pinheiro e disse-lhe:
— Outro sim, que não a mim.
O lobo enroscou o rabo no pinheiro como quem o queria serrar. O mocho de cima disse-lhe:
— ó compadre, não me serres o pinheiro, senão os meus filhos caem abaixo e morrem.
Responde o lobo:
— Pois se não queres que eu serre o pinheiro, anda tu cá abaixo.
O mocho não queria, mas afinal sempre veio vindo de galho em galho, e depois disse para o lobo:
Lobo, o que queres de mim?
O lobo respondeu:
Anda cá mais abaixo, que quero dizer-te um recado.
O mocho respondeu:
Diz daí, que eu ouço bem.
O lobo tornou a dizer:
Anda cá, que eu não te faço mal.
O mocho descuidou-se e desceu, e o lobo passou-lhe os dentes e meteu-o na boca.
O mocho de dentro da boca do lobo disse:
— Eh! Compadre, não me comas, que eu quero fazer testamento!
O lobo disse-lhe:
— Não, mas agora no galheiro estás tu.
Diz o mocho:
— Então deixa-me ir despedir-me lá acima da árvore dos meus filhos.
O lobo disse:
— Não, que, depois, nunca mais voltavas.
Disse então o mocho:
— Olha, ao menos hás-de dizer três vezes, que é para eles saberem: Mocho comi.
O lobo disse muito baixinho, para não abrir a boca: Mocho comi.
O mocho disse-lhe:
— ó compadre, fala mais alto, senão não ouvem.
O lobo tornou a repetir: Mocho comi, já mais alto. Responde o mocho:
— Mais alto, senão eles não ouvem.
Nisto o lobo escachou a boca para gritar mais alto e dizer: Mocho comi.
O mocho, mal apanhou a boca aberta, abalou para cima do pinheiro e disse-lhe:
— Outro sim, que não a mim.
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