O mar do Norte, verde e cinzento, rodeava Vig, a ilha, e as
espumas varriam os rochedos escuros. Havia nesse começo de tarde um vaivém
incessante de aves marítimas, as águas engrossavam devagar, as nuvens
empurradas pelo vento sul acorriam e Hans viu que se estava formando a
tempestade. Mas ele não temia a tempestade e, com os fatos inchados de vento,
caminhou até ao extremo do promontório.
O voo das gaivotas era
cada vez mais inquieto e apertado, o ímpeto e o tumulto cada vez mais violentos
e os longínquos espaços escureciam. A tempestade, como uma boa orquestra,
afinava os seus instrumentos. Hans concentrava o seu
espírito para a exaltação crescente do grande cântico marítimo. Tudo nele
estava atento como quando escutava o cântico do órgão da igreja luterana, na
igreja austera, solene, apaixonada e fria.
Para resistir ao vento,
estendeu-se ao comprido no extremo do promontório. Dali via de frente o inchar
da ondulação cada vez mais densa como se as águas se fossem tornando mais
pesadas. Agora as gaivotas recolhiam
a terra. Só a procelária abria rente à vaga o voo duro. À direita, as longas
ervas transparentes, dobradas pelo vento, estendiam no chão o caule fino.
Nuvens sombrias enrolavam os anéis enormes e, sob uma estranha luz,
simultaneamente sombria e cintilante, os espaços se transfiguravam. De repente,
começou a chover. A família
de Hans morava no interior da ilha. Ali, o rumor marítimo só em dias de
temporal, através da floresta longínqua, se ouvia.
(Maquetas realizadas por alunos do oitavo ano, a partir de uma leitura do conto "Saga" de Sophia. Estas maquetas ajudaram a compor a exposição e a mostrar "o caminho do mar" que Hans, de algum modo deixou em Sophia e que ela fez nascer em palavras brilhantes.
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