A hora do lobo é um filme do
conhecido Jean-Jacques Annaud e que nos reconduz a um dos períodos da história
da China e a um do seus aspetos mais perturbantes - a revolução cultural.
Da China de Mao, em 1967 chega-nos
através dessa leitura das ideologias que esquecem com frequência a humanidade,
a respiração individual das pessoas e a memória de um território.
De uma profunda beleza natural, A hora do lobo
devolve-nos paisagens naturais de grande significado sobre a Mongólia e
coloca-nos sobre o simbolismo das culturas ancestrais, isoladas. mas de uma
verdade, de significados humanos profundos. Chen Zen, um jovem estudante de
Pequim integra essa ideia de educar uma população rural isolada, no modo como a
revolução cultural sempre achou que cada indivíduo é um ser a dispensar nos
grandes valores do estado e da sua dominação ideológica.
O jovem perceberá que a comunidade
a educar tem um sentido de identidade próprio, uma cultura de território, onde
vive uma das figuras simbólicas das estepes, o lobo. A hora do lobo revela a
ligação entre os lobos e os pastores,na formulação da própria identidade do
território. A captura de um lobo pelo jovem irá desencadear uma ameaça ao
próprio sentido de existência da comunidade e a ideia burocrática do poder
central de eliminar os lobos revela-se ameaçadora e perturbante.
“A Hora do Lobo” é um filme de Jean-Jacques Annaud que surge na senda
de outros filmes sobre animais feitos pelo realizador francês (“O Urso”, de
1988, “Dois Irmãos”, de 2004”) e adapta o livro Wolf Totem de Jian Rong
(pseudónimo de Liu Jiamin).
Livro publicado em 2004, sobre a sua experiência de jovem
estudante enviado em missão “educadora” para as estepes em 1967, e que na China
se transformou no maior sucesso editorial desde O Pequeno Livro Vermelho, de
Mao Tsé-Tung. A hora do lobo realiza a adaptação do livro, Wolf Totem, e é nesse sentido um filme de uma grande beleza pelos conteúdos éticos que discute, as relações de poder, as ideologias, o território e a natureza.
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