Espaço de partilha e divulgação das atividades da Biblioteca Escolar da Escola Secundária Rainha Dona Amélia
quinta-feira, 31 de março de 2016
quinta-feira, 24 de março de 2016
terça-feira, 22 de março de 2016
sexta-feira, 18 de março de 2016
O valor das Humanidades (I)
Pequeno de vídeo utilizado como ponto de partida para discutir o papel das Humanidades na formação dos alunos, das pessoas e da sociedade para uma civilização que seja mais completa e esteja mais perto do coração humano.
Humanidades que têm perdido o seu papel na formação dos jovens, pelo domínio de um materialismo, um "pisa-papéis" que tem feito dominar o pensamento utilitário. As Humanidades justificam-se só nelas ou têm um papel a desempenhar nas Ciências? A crise do estudo das Humanidades explica a crise humanitária que vivemos, a decadência genérica da sociedade e a ausente leitura que permite a reflexão. Há capacidade criativa, há construção de valores espirituais sem as Humanidades? Discutimos estas questões com alunos de algumas turmas do 10º e 11º anos e do qual se produziram alguns textos que mais tarde serão publicados.
quinta-feira, 17 de março de 2016
O pensamento de Umberto Eco (I)
Ponto de partida paras atividades com alunos do 10º e 11º anos sobre o valor das Humanidades na formação das pessoas e no desenvolvimento das sociedades. Foram apresentadas algumas ideias de Umberto Eco sobre o valor do livro como instrumento de aprendizagem, os novos suportes e a importância deste património da memória das sociedades. O livro enquanto objeto é uma das mais significativas invenções do género humano.
Ele constrói connosco significados, conduz-nos numa viagem, da qual nós nos apreendemos para nós próprios. A leitura em formatos digitais alarga a possibilidade de novos leitores, mas não é uma leitura capaz de nos fazer descobrir os mais interiores espaços do texto. A memória de uma leitura do livro é real, diferenciada e única. Nos suportes digitais essas memórias não se distinguem. Os suportes digitais estão concebidos para funcionarem como instrumentos de pesquisa de informação.
Ele constrói connosco significados, conduz-nos numa viagem, da qual nós nos apreendemos para nós próprios. A leitura em formatos digitais alarga a possibilidade de novos leitores, mas não é uma leitura capaz de nos fazer descobrir os mais interiores espaços do texto. A memória de uma leitura do livro é real, diferenciada e única. Nos suportes digitais essas memórias não se distinguem. Os suportes digitais estão concebidos para funcionarem como instrumentos de pesquisa de informação.
A memória nas sociedades representa o conhecimento de uma identidade, a integração de todos num valor comunitário que identifica e reconhece os cidadão, como entidades vivas de uma cultura. O estudo dessa memória permite refletir sobre os fatores que organizam uma animi cultural, isto é os significados que nos conduzem aos valores do espírito. São estes que em microcosmos organizam a criação artística e respondem às necessidades do belo, como uma entidade superior de existência humana.
As redes digitais tornaram possível uma democratização no acesso a conteúdos e como espaço alargado sem controle de publicação, a internet passou também a ser utilizada por qualquer pessoa, independentemente da validade dos seus textos. Essa globalização dos acessos cria muitas dificuldades para a construção de um conhecimento capaz de reconhecer a diferença. Entre milhões de conteúdo cria-se um sentido aparentemente igualitário, que não é mais que o kitsch ao serviço de um pensamento utilitário. As redes permitiram a divulgação de qualquer informação, sem a que a mesma fosse acompanhada de qualquer certificação institucional.
Nesta apresentação de algumas das ideias de Umberto Eco partiu-se para a apresentação genérica de alguns dos seus livros, com destaque para o Nome da Rosa.
Escola a ler 2016
quarta-feira, 16 de março de 2016
Encontro com Alexandre Guerreiro
O doutorando Alexandre Guerreiro deu uma palestra a alunos do secundário (11º e 12º anos) sobre o tema: O Terrorismo, Refugiados e a Guerra da Síria: as origens e o futuro. Palestra de grande valor comunicativo pela informação disponibilizada e pelo modo sugestivo de interpelar os alunos, no sentido que todos compreendessem o que envolve o conceito de refugiado, os direitos humanos e o terrorismo nos tempos atuais. Foi uma excelente "aula" sobre a História Contemporânea, os desafios que o confronto de culturas coloca ao nível da cidadania e do exercício da liberdade.
Encontro com Jornalistas
Ferreira Fernandes e Valentina Goldschmidt, jornalistas do Diário de Notícias vieram conversar com alunos do secundário (10º e a12º ano) sobre a sua profissão. Relataram experiências, apresentaram o que os seduz nessa profissão, as dificuldades que por vezes têm de ultrapassar e contaram sobretudo histórias. Relatos fascinantes da procura da história original, mas também das que do ponto de vista humano nos engrandecem pelo reconhecimento do outro e da diversidade humana em tantos países. Foi um momento extraordinário de partilha de experiências. Os jovens puderam compreender como nos jornais diferentes tipos de textos fazem integrar os factos de um modo mais linear ou mais literário, como é o caso das crónicas. Dever ético, respeito pelas fontes e participação cívica na construção da democracia foram outros aspetos destacados neste encontro.
terça-feira, 15 de março de 2016
Encontro com Maria Luísa Ribeiro Ferreira
Maria Luísa Ribeiro
Ferreira, professora da Universidade de Lisboa e pertencendo ao seu Centro de Filosofia veio fazer uma palestra a alunos do ensino secundário sobre Filosofia e Ecologia. Maria Luísa Ribeiro Ferreira é autora de uma extensa obra escrita, dinamizadora de projetos filosóficos inovadores, combativa defensora de causas, como a da filosofia (feita) no feminino e a do ensino filosófico. Nesta palestra Maria Luísa Ribeiro Ferreira veio falar sobre a luta de Vandana Shiva em prol da biodiversidade. Foi destacado o papel de Vandana Shiva como ecofeminista e ativista ambiental na Índia. A palestra revelou-se interessante pela dimensão que ofereceu de ligar a Filosofia à Ecologia.
Nicolau...
A vida tem destas coisas. O srº Contente foi uma vez o srº Nicolau Breyner e o futuro é a memória dos que guardamos no espírito e no coração. A nossa eternidade vive disso, da memória. O mais importante é isso, é gostarem de nós, lembrarem com um sorriso o nosso rosto. Os nossos olhos, feitos de espanto e incompreensão, devolvem uma vida feita de momentos quase irreais à escala do universo e tão mágicos. Nicolau percebeu isso e compreendeu que a vida é ter um lugar na vida dos outros, construir uma linha, uma vontade, uma determinação, uma razão sentida, algo, como Pessoa dizia "uma coisa vinda diretamente da natureza para mim". Ele percebeu-o e nós devemos, em memória, agradecer essa lucidez e as palavras com que encantou o palco, onde tantas vezes nos distraiu e nos fez sorrir. Obrigado Nicolau. Take care!
segunda-feira, 14 de março de 2016
Compreender o génio de Einstein
Quando um pensamento percorre incessantemente o universo, quando se aventura e se perde em distâncias incomensuráveis, na infinidade dos possíveis, e se volta por um momento a fim de se fixar nas minúsculas que relas da Terra, reivindicações de fronteiras, possessões, insultos e ameaças recíprocas lançadas de um lado e do outro de uma linha imaginária, de uma cadeia montanhosa, de um rio, de um posto alfandegário, um nacionalismo estreito, mesquinho, que nos deixa paralisados, o que dizer?
Como reagir, no regresso das estrelas?
Um tal pensamento dificilmente poderá misturar-se às miseráveis lutas terrestres. Vê as pequenas coisas de demasiado longe. As estrelas não são propriedade de ninguém.
(...)
- Está guardado para quê?
- Para trabalhar, com certeza, já lho disse. Para prosseguir com as minhas investigações. Para dar a nossa opinião sobre as opiniões dos outros, como Newton continua a fazer com as minhas. Mas com uma má-fé total. praticamos a ciência espectral. Parece que as nossas equações, nas minhas em particular, existem segredos, tão bem escondidos que nos passaram despercebidos. Assim, andamos à procura, obstinadamente, todos juntos, juntamente com os que estão ali, na sala de espera, com os que me escrevem, com os que me telefonam. Aquilo que nos é concedido não é grande coisa na corrente da eternidade. Uma pequeníssima vitória sobre a morte. Sobre a morte física. A ilusão de ainda estarmos vivos. E Newton, que preferiu ficar acima da discussão, deve sentir que, desta vez, os seus sobressaltos não vão prolongar-se, que está a ser usado, que já está fora da corrida, que em breve vai dissolver-se e juntar-se ao enorme grupo silencioso das sombras sem utilidade. Desta vez, sem esperança de regresso. Mal deixará quinze ou vinte linhas na história geral das ciências.
- E o senhor também?
- Com certeza. Apagamo-nos uns aos outros. E cada um de nós guarda no bolso algumas migalhas de todos aqueles que nos precederam.
(...)
- O pensamento desta espécie - ínfima no universo - é necessariamente limitado a si mesmo. O pensamento das formigas exerce-se ao nível das formigas e o dos homens ao nível dos homens. Estabelece os seus próprios critérios, as suas próprias regras de verificação, e admira-se de que aquilo que observa corresponda àquilo que decretou.
A jovem disse-lhe ainda: o pensamento humano apenas tem como referência o pensamento humano. As leis que ele descobre e verifica no universo, nada nos diz que existam numa realidade absoluta e, mesmo que existam fora de nós, que sejam justas. Não passam de uma projecção de nós mesmos, só são justas para nós. Como dizem com insistência os partidários da quantidade, os realistas, é até provável que o universo não seja aquele que observamos e analisamos, ou pelo menos que não seja só isso.
Outra teoria, outros encadeamentos matemáticos e outras experiências de verificação, numa outra versão do universo, arrastar-nos-iam sem dúvida para territórios semeados de armadilhas, onde nos perderíamos. cada pensamento cria a sua própria prisão, de onde se evade pelos seus próprios meios. Ou julga evadir-se. Pois cavamos os nossos túneis de evasão e, ao mesmo tempo, avisamos os guardas. A mesma voz que faz as perguntas dá as respostas. Nem as especulações religiosas, bloqueadas desde a partida pelo dogma, nem as aventuras filosóficas temerárias, nem o virtuosismo extremo (aos nossos olhos) das verificações técnicas, nem as nossas escapadelas fantasmagóricas, ultrapassam o humano. E com razão. As nossas provas só têm valor para nós. Provavelmente, não interessam a mais ninguém, salvo como curiosidades locais. O nosso sistema sensorial, o nosso pensamento lógico e a nossa imaginação exercitada, não conseguem sair do nosso círculo.
Jean-Claude Carrière, Entrevista a Einstein. Quetzal, págs. 103, 167 e 168.
Fernão Capelo Gaivota - Livro da semana
Título: Fernão Capelo Gaivota
Autor: Richard Bach
Edição: 2ª
Páginas: 137 p.
Editor: Lua de Papel
ISBN: 978-989-23-3131-7
CDU: 821.111(73)-31
Sinopse: Fernão Gaivota passou o resto dos seus dias sozinho, mas voou muito para além dos Penhascos Longínquos. O seu único desgosto não era a solidão, mas sim o facto de as outras gaivotas se terem recusado a acreditar na glória do voo que as esperava, se terem recusado a abrir os olhos e a ver.
Ele aprendia mais, a cada dia que passava. Aprendeu que um mergulho uniforme a alta velocidade podia levá-lo a encontrar o peixe raro e saboroso que nadava em cardume a três metros de profundidade: nunca mais precisava de barcos de pesca e de pão velho para sobreviver.
Aprendeu a dormir no ar, definindo à noite uma rota ao sabor do vento costeiro, voando 160 quilómetros desde o pôr-do-sol à aurora. Com o mesmo controlo interior, voou através de nevoeiros densos, elevando-se acima deles até deslumbrantes céus limpos... enquanto qualquer outra gaivota ficava em terra, conhecendo apenas neblina e chuva. Aprendeu a cavalgar os ventos altos até terra, bem para o interior, para se alimentar de insetos delicados.
Aquilo que ele tinha um dia desejado para o Bando, conseguia agora para si próprio, sozinho.Aprendeu a voar, e não estava arrependido do preço que tinha tido de pagar. Fernão Gaivota descobriu que o tédio, o medo e a raiva são as razões por que a vida de uma gaivota é tão curta e, afastando-os do seu pensamento, ele viveu realmente uma bela vida.
Fotografia: Russell Munson
Delf
À semelhança de anos anteriores realizou-se a cerimónia de entrega dos diplomas do Delf 2015. A cerimónia contou com a presença dos alunos premiados, dos professores de língua francesa, a Diretora da escola e a representante da Associação de Pais. Na cerimónia além da entrega de prémios forma lidos textos por alguns alunos e cantada uma canção em língua francesa.
terça-feira, 8 de março de 2016
Dia Internacional da mulher
«Diz homem, diz criança, diz estrela./Repete as sílabas/onde a luz é feliz e se demora.
Volta a dizer: homem, mulher, criança./Onde a beleza é mais nova». (Eugénio)
Os chamados dias efemérides são sempre um pouco limitados, quase lamentáveis, porque são uma expressão pobre de destacar alguma ideia, facto ou pessoa. Neste caso, pela sua dimensão, campo de sedução e beleza ainda o é mais.Historicamente o Dia Internacional da Mulher está ligado aos acontecimentos de 1857 com as operárias têxteis de Nova Iorque que reclamavam um horário de trabalho mais digno, mais humano. A partir de 1910 ficou estabelecido que se faria uma homenagem a essas mulheres, celebrando o 8 de Março como o Dia Internacional da Mulher.
Hoje a forma contemporânea deste dia é a sensiblização para o papel da mulher na sociedade, o seu valor, a sua dignidade como pessoa evitando preconceitos. Na História social e das mentalidades, a Mulher apareceu sempre como um fenómeno em que individualmente pela sua coragem, inteligência e saber soube lutar por uma humanidade melhor. Nesse sentido o Dia da Mulher deveria ser, deve ser antes de mais, a confirmação, não por uma igualdade entre sexos, mas antes entre pessoas.
Neste sentido mais do que tolerância, que sempre sugere uma aprovação forçada, o que deveria importar é o respeito mútuo. O que mais importa é construir vectores de diálogo construído sobre os valores vividos. Mesmo hoje, sabemos como esta convivência é em diferentes geografias e cartografias do ser uma miragem. Os exemplos são imensos. Basta escolher.
Continuamos com uma humanidade incompleta,
atenta às necessidades básicas, mas sem chegar ao que alguém chamou o Homem
completo. Isto é à ideia de consciência e liberdade que deveria estar acima da
própria vida. Num dia destes, além do voto de felicitações a todas as mulheres,
importa destacar as que na Arte, na Literatura, no Cinema, nas Ciências têm
contribuído para a universalidade da Humanidade.
«A mulher está a adaptar-se a um mundo diferente, mas ainda não está estabilizada. Quando tem êxito tende a parecer-se com o homem. Agora tem outra maneira de se manifestar e criar as condições para exercer esse poder, mas está disposta a sacrificar outros atributos que tinha. Como a doçura, que vai perdendo. A ternura autêntica está a desaparecer. (...)
A escrita é para divulgar, não aquilo que é autêntico e profundo, mas aquilo que fica por uma certa superfície. A escrita é sempre superficial em relação à verdade profunda de cada um. Quando falamos em comunicação, devemos pôr isso na ordem das leviandades humanas e não na dos encontros profundos. Os encontros profundos são profundamente perigosos. Ainda acho que é possível mudar o mundo e acredito naquelas pessoas que querem mudar o mundo através de coisas que se consideram impossíveis. (...)
Valorizo aquilo que aprendi e era essencial na vida humana, como a relação com tudo o que nos cerca. Tudo o que nós aprendemos e de que nos servimos tem de fazer parte ao mesmo tempo daquilo que nos rodeia, porque senão já não é cultura, é pedantismo. (...) Verdadeiramente, não recebemos nada dos outros e muito dificilmente ensinamos. Quando muito divertimos, distraímos, acompanhamos. Nunca sabemos tanto como a vida nos pode ensinar.» (1)
(1) Agustina Bessa Luís, «O que a vida me ensinou»
segunda-feira, 7 de março de 2016
Os sonhos de Einstein - Livro da semana
Título: Os sonhos de Einstein
Autor: Alan Lightman
Edição: 3ª
Páginas: 108
Editor: Edições Asa
ISBN: 978-972-41-1380-9
CDU: 821.111(73)-31
Autor: Alan Lightman
Edição: 3ª
Páginas: 108
Editor: Edições Asa
ISBN: 978-972-41-1380-9
CDU: 821.111(73)-31
Sinopse: Cidade de Berna. Corre a Primavera e aproxima-se o início do Verão. 1905. Albert Einstein. À sombra dos Alpes um jovem funcionário do Escritório Suiço de Patentes pensa no tempo e como ele afeta o espaço. E tem sonhos. Diferentes, contraditórios. Sonhos de num só dia contemplam o nascimento, a vida e a morte. Sonhos do tempo em que não existe futuro. Sonhos em que os habitantes do espaço se ligam de modo imprevisível construindo atos sem consequências. Os sonhos de Einstein é um livro maravilhoso sobre uma figura fascinante. Um livro que pensa a lógica com que vemos o tempo integrando a poesia dos momentos, sempre à procura de uma contemplação da existência que é no fundo a vida de todo o ser humano.
É impossível passear numa avenida, estar parado na rua a conversar com um amigo, entrar num edifício, ou espreitar por baixo dos arcos de arenito de uma velha arcada, sem dar de cara com uma máquina do tempo. O tempo é visível por toda a parte. Torres de relógio, relógio de pulso, sinos de igrejas, todos eles dividem os anos em meses, os meses em dias, os dias em horas, as horas em segundos, sucedendo-se, uns aos outros, todos estes fragmentos de tempo em cadência perfeita. E, para lá, de todos os relógios, a grande plataforma do tempo estende-se a todo o universo, impondo a todos por igual as leis da temporalidade. Neste mundo, um segundo é um segundo - é um segundo. O tempo avança com regularidade irreprimível, exactamente à mesma velocidade em toso os pontos do espaço. O tempo é o governante infinito. O tempo é absoluto. (...)
Os que são religiosos vêem no tempo uma prova da existência de Deus. é que nada pode ser criado com perfeição sem um Criador. Nada pode ser universal sem ser divino. Todos os absolutos fazem parte do Absoluto total. E onde houver absolutos existe o tempo. Assim sendo, os filósofos da ética colocaram o tempo no centro da sua crença. O tempo é a referência usada para julgar todas as ações. O tempo é a luz que permite destrinçar o bem do mal. (..)
Imaginem um mundo em que as pessoas não vivem mais de um dia. das duas, uma: ou o ritmo das pulsações e da respiração é acelerado de modo a permitir que uma vida inteira seja comprimida até caber no espaço de uma volta completa da terra em torno do seu eixo, ou a rotação da terra é reduzida a uma velocidade tão baixa que uma volta completa corresponda à totalidade de uma vida humana. Qualquer das hipóteses é válida. Em qualquer dos casos, um homem ou uma mulher assistem apenas a uma nascer e a um pôr do sol.
Neste mundo, ninguém vive o tempo suficiente para assistir à mudança de estações. Uma pessoa nascida em dezembro num qualquer país europeu nunca verá desabrochar os jacintos, os lírios, os ásteres, os cíclames e os edelvais, nunca verá as folhas do plátano tornarem-se vermelhas e douradas, nunca ouvirá os grilos ou os pássaros. Uma pessoa nascida em dezembro vive uma vida de frio. Do mesmo modo, uma pessoa nascida em julho nunca sentirá um floco de neve cair-lhe no rosto, nunca verá a superfície vidrada de um lago gelado, nunca ouvirá o ranger das botas a trilhar a neve. Uma pessoa nascida em julho vive uma vida de calor. A alternância das estações é coisa que se aprende nos livros.
Alan Lightman. (1996). Os sonhos de Einstein. Lisboa: Edições Asa, págs. 25, 26 e 67.
quinta-feira, 3 de março de 2016
Das palavras de Vergílio (XXIII)
Aquele que nunca se tenha debatido com o pensar não consegue reconhecer a verdadeira liberdade da mente, bem como a sua força. É isto que torna o simples pensamento, o mais pequeno dos olhares, o mais leve toque, o mais baixo dos sons, no maior dos dilemas presentes na mente. É nestes pequenos momentos que aparecem incertezas e cabe-nos a nós decifrá-los ou de os deixar com dúvidas.
João Récio, "Pensar o quê?", 11º C2; Imagem: Copyright - Heidi Berger
Das palavras de Vergílio (XXII)
Descartes afirmava que o pensamento está na essência do Homem e Vergílio dizia, " - não penses muito". Parecem duas ideias contraditórias, duvidosas, sombrias. Até um pouco parvas. Acho que o que Vergílio nos quis dizer foi fazer um apelo sentido e profundo. Um apelo à sensibilidade, ao essencial, a algo instintivo, não premeditado, a fazer o bem, num sentido natural, do modo como respiramos, como seja um dos nossos sentidos.
Não penso!
Não penso, sinto.
Não penso, vejo.
Não penso, respiro.
Não penso, como.
Não penso, ando.
Não penso, não sonho.
Não penso, não vivo.
Não penso, sobrevivo.
Não penso, não existo.
Madalena, "Pensar", 11ºH1
Imagne: Copyright - Amanda Cass
Imagne: Copyright - Amanda Cass
Das palavras de Vergílio (XXI)
O que é viver? Existir já é viver? Quando é que começa a vida?
Existi a partir do momento em que abandonei o ventre da minha mãe, mas ainda não vivi muito.
Tenho momentos em que vivo, são poucos os que me fazem sentir viva. Dezasseis anos e tão pouco vivida, tanto para se viver.
Qual a essência da maçada que é viver? Qual o fundamento? Qual o objectivo?
Talvez não haja. talvez seja para ser descoberto por nós. talvez não seja o mesmo para todos os seres pensantes e vivos.
Eu existo. Vivo. Mas ainda pouco vivi. Espero morrer bastante vivida.
Eu existo. Vivo. Mas ainda pouco vivi. Espero morrer bastante vivida.
Leonor, "A vida", 11º H1
Imagem: Copyright - BethLandim
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