segunda-feira, 7 de março de 2016

Os sonhos de Einstein - Livro da semana

Título: Os sonhos de Einstein
Autor: Alan Lightman
 Edição: 3ª
 Páginas: 108
Editor: Edições Asa
ISBN: 978-972-41-1380-9
CDU: 821.111(73)-31
Sinopse:  Cidade de Berna. Corre a Primavera e aproxima-se o início do Verão. 1905. Albert Einstein. À sombra dos Alpes um jovem funcionário do Escritório Suiço de Patentes pensa no tempo e como ele afeta o espaço. E tem sonhos. Diferentes, contraditórios. Sonhos de num só dia contemplam o nascimento, a vida e a morte. Sonhos do tempo em que não existe futuro. Sonhos em que os habitantes do espaço se ligam de modo imprevisível construindo atos sem consequências. Os sonhos de Einstein é um livro maravilhoso sobre uma figura fascinante. Um livro que pensa a lógica com que vemos o tempo integrando a poesia dos momentos, sempre à procura de uma contemplação da existência que é no fundo a vida de todo o ser humano.

 É impossível    passear numa avenida, estar parado na rua a conversar com um amigo, entrar num edifício, ou espreitar por baixo dos arcos de arenito de uma velha arcada, sem dar de cara com uma máquina do tempo. O tempo é visível por toda a parte. Torres de relógio, relógio de pulso, sinos de igrejas, todos eles dividem os anos em meses, os meses em dias, os dias em horas, as horas em segundos, sucedendo-se, uns aos outros, todos estes fragmentos de tempo em cadência perfeita. E, para lá, de todos os relógios, a grande plataforma do tempo estende-se a todo o universo, impondo a todos por igual as leis da temporalidade. Neste mundo, um segundo é um segundo - é um segundo. O tempo avança com regularidade irreprimível, exactamente à mesma velocidade em toso os pontos do espaço. O tempo é o governante infinito. O tempo é absoluto. (...)
Os que são religiosos vêem no tempo uma prova da existência de Deus. é que nada pode ser criado com perfeição sem um Criador. Nada pode ser universal sem ser divino. Todos os absolutos fazem parte do Absoluto total. E onde houver absolutos existe o tempo. Assim sendo, os filósofos da ética colocaram o tempo no centro da sua crença. O tempo é a referência usada para julgar todas as ações. O tempo é a luz que permite destrinçar o bem do mal. (..)
Imaginem um mundo em que as pessoas não vivem mais de um dia. das duas, uma: ou o ritmo das pulsações e da respiração é acelerado de modo a permitir que uma vida inteira seja comprimida até caber no espaço de uma volta completa da terra em torno do seu eixo, ou a rotação da terra é reduzida a uma velocidade tão baixa que uma volta completa corresponda à totalidade de uma vida humana. Qualquer das hipóteses é válida. Em qualquer dos casos, um homem ou uma mulher assistem apenas a uma nascer e a um pôr do sol. 
Neste mundo, ninguém vive o tempo suficiente para assistir à mudança de estações. Uma pessoa nascida em dezembro num qualquer país europeu nunca verá desabrochar os jacintos, os lírios, os ásteres, os cíclames e os edelvais, nunca verá as folhas do plátano tornarem-se vermelhas e douradas, nunca ouvirá os grilos ou os pássaros. Uma pessoa nascida em dezembro vive uma vida de frio. Do mesmo modo, uma pessoa nascida em julho nunca sentirá um floco de neve cair-lhe no rosto, nunca verá a superfície vidrada de um lago gelado, nunca ouvirá o ranger das botas a trilhar a neve. Uma pessoa nascida em julho vive uma vida de calor. A alternância das estações é coisa que se aprende nos livros.

Alan Lightman. (1996). Os sonhos de Einstein. Lisboa: Edições Asa, págs. 25, 26 e 67.                                                                                                                                                                                                                                                                                         

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