«Diz homem, diz criança, diz estrela./Repete as sílabas/onde a luz é feliz e se demora.
Volta a dizer: homem, mulher, criança./Onde a beleza é mais nova». (Eugénio)
Hoje a forma contemporânea deste dia é a sensiblização para o papel da mulher na sociedade, o seu valor, a sua dignidade como pessoa evitando preconceitos. Na História social e das mentalidades, a Mulher apareceu sempre como um fenómeno em que individualmente pela sua coragem, inteligência e saber soube lutar por uma humanidade melhor. Nesse sentido o Dia da Mulher deveria ser, deve ser antes de mais, a confirmação, não por uma igualdade entre sexos, mas antes entre pessoas.
Neste sentido mais do que tolerância, que sempre sugere uma aprovação forçada, o que deveria importar é o respeito mútuo. O que mais importa é construir vectores de diálogo construído sobre os valores vividos. Mesmo hoje, sabemos como esta convivência é em diferentes geografias e cartografias do ser uma miragem. Os exemplos são imensos. Basta escolher.
Continuamos com uma humanidade incompleta,
atenta às necessidades básicas, mas sem chegar ao que alguém chamou o Homem
completo. Isto é à ideia de consciência e liberdade que deveria estar acima da
própria vida. Num dia destes, além do voto de felicitações a todas as mulheres,
importa destacar as que na Arte, na Literatura, no Cinema, nas Ciências têm
contribuído para a universalidade da Humanidade.
«A mulher está a adaptar-se a um mundo diferente, mas ainda não está estabilizada. Quando tem êxito tende a parecer-se com o homem. Agora tem outra maneira de se manifestar e criar as condições para exercer esse poder, mas está disposta a sacrificar outros atributos que tinha. Como a doçura, que vai perdendo. A ternura autêntica está a desaparecer. (...)
A escrita é para divulgar, não aquilo que é autêntico e profundo, mas aquilo que fica por uma certa superfície. A escrita é sempre superficial em relação à verdade profunda de cada um. Quando falamos em comunicação, devemos pôr isso na ordem das leviandades humanas e não na dos encontros profundos. Os encontros profundos são profundamente perigosos. Ainda acho que é possível mudar o mundo e acredito naquelas pessoas que querem mudar o mundo através de coisas que se consideram impossíveis. (...)
Valorizo aquilo que aprendi e era essencial na vida humana, como a relação com tudo o que nos cerca. Tudo o que nós aprendemos e de que nos servimos tem de fazer parte ao mesmo tempo daquilo que nos rodeia, porque senão já não é cultura, é pedantismo. (...) Verdadeiramente, não recebemos nada dos outros e muito dificilmente ensinamos. Quando muito divertimos, distraímos, acompanhamos. Nunca sabemos tanto como a vida nos pode ensinar.» (1)
(1) Agustina Bessa Luís, «O que a vida me ensinou»
Sem comentários:
Enviar um comentário