«Diz homem, diz criança, diz estrela./Repete as sílabas/onde a luz é feliz e se demora.
Volta a dizer: homem, mulher, criança./Onde a beleza é mais nova». (Eugénio)
Os chamados dias efemérides são sempre um pouco limitados, quase lamentáveis, porque são uma expressão pobre de destacar alguma ideia, facto ou pessoa. Neste caso, pela sua dimensão, campo de sedução e beleza ainda o é mais.Historicamente o Dia Internacional da Mulher está ligado aos acontecimentos de 1857 com as operárias têxteis de Nova Iorque que reclamavam um horário de trabalho mais digno, mais humano. A partir de 1910 ficou estabelecido que se faria uma homenagem a essas mulheres, celebrando o 8 de Março como o Dia Internacional da Mulher.
Hoje a forma contemporânea deste dia é a sensiblização para o papel da mulher na sociedade, o seu valor, a sua dignidade como pessoa evitando preconceitos. Na História social e das mentalidades, a Mulher apareceu sempre como um fenómeno em que individualmente pela sua coragem, inteligência e saber soube lutar por uma humanidade melhor. Nesse sentido o Dia da Mulher deveria ser, deve ser antes de mais, a confirmação, não por uma igualdade entre sexos, mas antes entre pessoas.
Neste sentido mais do que tolerância, que sempre sugere uma aprovação forçada, o que deveria importar é o respeito mútuo. O que mais importa é construir vectores de diálogo construído sobre os valores vividos. Mesmo hoje, sabemos como esta convivência é em diferentes geografias e cartografias do ser uma miragem. Os exemplos são imensos. Basta escolher.
Continuamos com uma humanidade incompleta,
atenta às necessidades básicas, mas sem chegar ao que alguém chamou o Homem
completo. Isto é à ideia de consciência e liberdade que deveria estar acima da
própria vida. Num dia destes, além do voto de felicitações a todas as mulheres,
importa destacar as que na Arte, na Literatura, no Cinema, nas Ciências têm
contribuído para a universalidade da Humanidade.
«A mulher está a adaptar-se a um mundo diferente, mas ainda não está estabilizada. Quando tem êxito tende a parecer-se com o homem. Agora tem outra maneira de se manifestar e criar as condições para exercer esse poder, mas está disposta a sacrificar outros atributos que tinha. Como a doçura, que vai perdendo. A ternura autêntica está a desaparecer. (...)
A escrita é para divulgar, não aquilo que é autêntico e profundo, mas aquilo que fica por uma certa superfície. A escrita é sempre superficial em relação à verdade profunda de cada um. Quando falamos em comunicação, devemos pôr isso na ordem das leviandades humanas e não na dos encontros profundos. Os encontros profundos são profundamente perigosos. Ainda acho que é possível mudar o mundo e acredito naquelas pessoas que querem mudar o mundo através de coisas que se consideram impossíveis. (...)
Valorizo aquilo que aprendi e era essencial na vida humana, como a relação com tudo o que nos cerca. Tudo o que nós aprendemos e de que nos servimos tem de fazer parte ao mesmo tempo daquilo que nos rodeia, porque senão já não é cultura, é pedantismo. (...) Verdadeiramente, não recebemos nada dos outros e muito dificilmente ensinamos. Quando muito divertimos, distraímos, acompanhamos. Nunca sabemos tanto como a vida nos pode ensinar.» (1)
(1) Agustina Bessa Luís, «O que a vida me ensinou»
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