O mundo acontece lá fora e aqui.
Ainda bem!
Há opiniões, há pensamentos, há
ideias. Há letras e palavras que se cruzam em páginas do real, novas, atuais;
memórias dos dias.
Charlie ou retrocesso
“Pode parecer algo presunçoso o que vou dizer mas prefiro morrer de pé
a viver de joelhos”
Charb, jornalista da publicação Charlie Hebdo, depois do atentado de
2011
“Sonha e serás livre de espírito,
luta e serás livre na vida”
Che Guevara
Abstenho-me de descrever os atentados, nos quais
morreram alguns dos nosso verdadeiros mártires, porque o leitor conhecê-los-á
tão bem como eu, mas julgo existirem dois pontos de análise fundamentais: a
questão da liberdade de expressão e o fomento do extremismo (europeu) pelo
extremismo (islâmico).
Tem-se defendido que determinados termos não devem
ser discutidos porque facilmente melindram alguém. A verdade é que tudo o que
dissermos é suscetível de insultar. A isenção é impossível.
“O nosso limite são os outros”. E se o limite dos
outros for uma religião na qual as mulheres não têm direitos? Não posso
criticá-lo?! É meu dever fazê-lo! Concordo com Mandela, mas criticar não é
desrespeitar e esta crítica, creio, pode conduzir à libertação dos implicados,
ao encorajamento do seu espírito crítico, da reflexão sobre si mesmos.
A liberdade de expressão, que não é o incentivo
ódio-crime, desejavelmente punido judicialmente – não deve ter limites (o que
não significa que seja moral dizer tudo). É quem se deixa afetar por um desenho
que tem um problema, não quem o desenha.
Não há palavras para descrever este ataque, mas
pior será se ele levar à regressão do Ocidente. A discussão acerca dos limites
da liberdade de expressão é sugestiva. A Oxford Editora proibirá as publicações
em que o porco surja como personagem (o conto Os Três Porquinhos, por exemplo) pois podem ser considerados
ofensivas por muçulmanos e judeus; Marine Le Pen sugeriu o regresso da pena de
morte; fala-se me fechar a Europa, ignorando os que nela veem a única
possibilidade de uma existência digna.
Isto não pode acontecer. A Europa não pode ceder,
tem de continuar a ser o continente da justiça e da liberdade que, apesar de
tudo, tem sido.
Todos temos de, sem hipocrisias, ser Charlie,
apontar os nossos defeitos (ou deixar que no-los apontem, os humoristas) e
diminuí-los. Tentar um mundo mais livre, justo e tolerante, no qual se possa
discutir tudo e se encoraje e respeite a liberdade dos outros, é nosso dever
moral.
A escolha é: Ser Charlie ou aceitar o retrocesso.
Je suis
Charlie!
Sofia Sequeira, 11.º B
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