Entretanto o que podia existir de mais bonito na praça do que as crianças brincando no parque? Nada. Todas elas vestindo infância. Num alarido de pássaros sem gaiola. Jogando bolas, correndo. Verdade que nenhuma delas trazia uma canoa ou um trenzinho como ele possuía.
Um velho japonês sentou-se ao seu lado e lhe disse que havia um palácio japonês em plena Praça da República.
- O senhor falou que esse palácio fica mesmo na Praça da República?
Estendeu a mão e indicou um lugar.
- Bem ali. Mas nem todas as pessoas podem vê-lo.
- E eu?
- Você disse que gostava de crianças, não disse?
- Claro.
- Se quiser poderá fazê-lo.
Alguma força o atraía para o assunto. Sem se controlar segurou as mãos do velho japonês e implorou:
- Por favor, deixe-me ver o Palácio Japonês. Eu guardarei o maior segredo. Nunca o mostrarei para ninguém.
O velho riu.
- Mesmo que o quisesse mostrar... Não é dado a todo o mundo a maravilha de ver todas as maravilhas.
José Mauro de Vasconcelos. (1999). O Palácio Japonês. Rio de Janeiro: Dinapress.
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