"(...)Que o poema seja microfone e fale
uma noite destas de repente às três e tal
para que a lua estoire e o sono estale
e a gente acorde finalmente em Portugal.
Que o poema seja encontro onde era despedida.
Que participe. Comunique. E destrua
Para sempre a distância entre a arte e a vida.
Que salte do papel para a página da rua.
Que o poema faça um poeta de cada
Funcionário já farto de funcionar.
Ah que de novo acorde no lusíada
A saudade de novo o desejo de achar.
Que o poema diga o que é preciso
que chegue disfarçado ao pé de ti
e aponte a terra que tu pisas e eu piso.
E que o poema diga: o longe é aqui".
Manuel Alegre, "Poearma", in Poemas de Abril
Sem comentários:
Enviar um comentário