Apreciação
crítica
“Rindo, corrigem-se
os defeitos da sociedade”
No
passado mês, o décimo ano deslocou-se ao teatro “A Barraca” onde assistiu a “A
Farsa de Inês Pereira”.
Escrita
por Gil Vicente no século XVI, e representada pela primeira vez em Tomar, é uma
comédia de costumes que satiriza a sociedade quinhentista.
Este
aspeto satírico está também presente em, por exemplo, o “Auto da Barca do
Inferno” no qual, de forma humorística, Gil Vicente nos dá a conhecer o
declínio de valores da época.
Tendo
como mote “mais vale asno que me leve que cavalo que me derrube”, esta Farsa
conta a história de uma jovem ambiciosa e sonhadora, no papel de Carolina
Parreira, que pretende ascender socialmente através do casamento. É nesta
escolha de pretendentes –entre o “asno” simplório e o “cavalo” galante que se
centra a ação desta divertida peça.
Através
das esfusiantes situações de conflito e de cómico, por exemplo, entre Inês e
Pêro Marques, ficamos a conhecer cenas da vida daquela época, como a vida
doméstica ou os casamentos combinados, algo tão diferente dos nossos dias.
Está
particularmente bem conseguida a interação entre os atores e o público, que tem
oportunidade de participar na ação.
Embora
parcos, os cenários são eficazmente complementados por um interessante jogo de
luzes, a cargo de Paulo Vargues, que nos indica, por exemplo, a transição das
várias horas do dia.
Além
de divertida, esta peça tem um grande valor educativo, pondo em prática o lema
“rindo, corrigem-se os defeitos da sociedade”. O cómico é, efetivamente, uma
das facetas mais cativantes desta obra, tornando-a acessível a todos os
públicos.
É,
portanto, um espetáculo original a não perder.
Madalena Videira, N.º16 10.ºC2
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