quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Memória do cubismo - Picasso

Picasso foi um dos artistas mais inovadores do nosso tempo. Produziu cerca de 30 000 obras, entre pinturas, desenhos e esculturas! A arte de Picasso foi alvo de diferentes metamorfoses, pois passou por contínuas e profundas mudanças. Picasso revelou uma capacidade de invenção de grande significado e a História social do século XX não pode ser estudada sem o recurso aos seus quadros.

Picasso criaria com Georges Braque um importante movimento artístico no início do século XX, chamado de cubismo. Influenciados mutuamente pela sua capacidade nova de interpretar as ideias e as profundas transformações de início do século colaboraram significativamente os dois entre 1908 e 1914, início da 1ª Guerra Mundial. O cubismo representou um corte absoluto com a arte europeia. Talvez não seja exagero defender com alguns autores de Arte que o cubismo foi o movimento artístico mais importante desde o Renascimento.

Influenciado pelo pós-impressionismo, evoluiria para a corrente dinamizada por Henri Matisse. Defendia o fim da perspectiva e da profundidade do espaço, apoiando-se numa composição dinâmica. A arte com o cubismo deixou-se de interessar por compreender a realidade ou só fazer o seu retrato, mas o quadro e a arte deveria criar a sua realidade. Apresentar o real de diversos ângulos, com cores chocantes, exprimindo o feio e aquilo que era chocante para a vida humana.

A arte deveria revelar o caos e a desordem. A 1ª Guerra Mundial mostraria de forma dramática os piores receios do Homem. Com Picasso o cubismo alcançaria a sua expressão máxima. A Arte deveria, deverá dizemo-lo nós mostrar à Humanidade como a nossa vida, vivida no curto espaço, faz parte de um movimento maior. O cubismo teve essa ousadia, a de criar um 
movimento artístico essencial para compreendermos o que foi o século XX. 

Com ele o mundo visual é decomposto em elementos, onde se procura encontrar uma nova forma de exprimir a arte. Para Picasso a realidade tinha de ser observada de todos os ângulos em simultâneo e integrá-la no real. A arte não tem uma visão, não tem uma linha de definição de uma verdade a demonstrar, mas tem uma forma particular que emerge de todos os diferentes aspetos vistos em conjunto. A leitura desse conjunto permite compreender e transformar esse real. O cubismo não tem um estilo, realiza diferentes experiências, construídas a partir da vivência quotidiana.  O cubismo propôs uma revolução visual e ensinou a sociedade a compreender melhor que formas de quotidiano se organizavam no início do século XX.  

O cubismo não propôs apenas uma forma diferente de ver a pintura, sugeriu uma nova visão da arte.   O quadro não procurava representar algo, não pretendia fazer uma representação de objectos, mas sim criar a própria realidade. O quadro pintado era a própria realidade. Num mundo de caos e violência, o plano da  perspetiva tinha de ser fragmentado, buscando a própria fragmentação da realidade. Foram também nas técnicas, que o cubismo inovou como expressão de arte ao integrar a fragmnetação da imagem, a inclusão de palavras, a combinação chocante de cores, a expressão do feio, do horror, na apresentação de uma sociedade em convulsão de valores. O cubismo revelou-nos um mundo de fealdade, um mundo em emergência, em ruptura com o século anterior.

Sem comentários:

Enviar um comentário