Destaque - ao longo do festival: Jean-Luc Godard
Jean-Luc Godard é
indiscutivelmente o cineasta vivo cujo pensamento e obra fílmica mais
influências exerceram (e mais análise teórica e crítica suscitaram, sendo que o
seu efeito incalculável se prolonga) sobre o cinema moderno e outros domínios
artísticos.
Com um percurso feito em vários
andamentos – dos princípios defendidos nos tempos de crítico nos Cahiers du
Cinéma, passados ao acto na estética da Nouvelle Vague, de que foi figura de
proa (com o seminal À Bout de Souffle a abrir um conjunto de títulos igualmente
marcantes, como Viver a sua Vida, O Desprezo, Pedro, o Louco, Made in U.S.A. ou
o cáustico Week-End, onde se declara o fim do próprio cinema), aos
experimentais filmes-ensaio recentes (Filme Socialismo e Adeus à Linguagem),
passando pelo período mais radical (o do Grupo Dziga Vertov), estética e
politicamente – Godard ergueu um corpo de trabalho imenso e desafiador.
A sua obra, profundamente
reflexiva, plena de citações, referências ou alusões de várias origens
(cinematográficas, literárias, musicais, filosóficas, científicas, de teoria
política), capaz de fundir ‘alta’ e ‘baixa’ cultura, trabalhando de forma
inovadora as imagens de arquivo, o vídeo (toda a produção da SonImage, a
companhia que fundou com Anne-Marie Miéville em 1972 é um pequeno mundo a
descobrir) e o 3D, interpela a História (e a história do cinema, com um clímax
no monumental História(s) do Cinema), os traumas do nosso tempo e a linguagem
(e os seus limites) com que (não) comunicamos, sempre com uma assinatura
absolutamente inconfundível.
É a este autor incontornável que
o Lisbon & Estoril Film Festival presta homenagem na décima edição, com a
retrospectiva integral da sua obra e um Simpósio Internacional, Godard vu
par....
(do programa do festival)
Sem comentários:
Enviar um comentário