segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Lisbon & Estoril Film Festival (IV)

Destaque: Dia 7 (alguns dos filmes de Jean-Luc Godard)
Le Pont des Soupirs (Episódio de pontes de Sarajevo)
Ficha técnica:
Realizador: Jean-Luc Godard
Argumento: Jean-Luc Godard 
Eleno: Fabrice Aragno, Jean-Paul Battagia, Paul Grivas
Participação de Jean-Luc Godard num projeto de cinema que procurava compreender  o contributo artístico da cidade de Sarajevo durante o último século. Questão que se relaciona com a cultura e com a história europeia pela proximidade de civilizações e por aquilo que foi o cerco  à cidade, no mais grave conflito do século XX na Europa, após 1945.

Allemagne 90 Neuf Zéro / Solitudes, Un État et ses Variations
Ficha técnica:
Realizador: Jean-Luc Godard
Argumento: Jean-Luc Godard 
Fotografia: Cristophe Pollock, Andreas Erben, Stepan Benda
Produtora: Antenne 2 e Brainstorm Productions
Filme sobre a Alemanha, onde uma figura, Lemmy Caution, agente americano de serviço na Alemanha de Leste se defronta com a evolução da História. A  queda do Muro de Berlim coloca um fim na sua missão. O seu regresso a esse espaço fá-lo conhecer o passado e um conjunto de fantasmas que permanecem. Conduzido por uma preocupação para desconstruir as imagens ligadas à História, o filme coloca em discussão de um modo filosófico o bem, o mal, o feio nas sociedades, num período em que uma grande esperança se concretizou, tendo ela própria imensas contradições na vida quotidiana das pessoas. 

O soldado das sombras
Ficha técnica:
Realizador: Jean-Luc Godard
Argumento: Jean-Luc Godard 
Fotografia: Raoul Coutard 
Elenco: Michel Subor, Anna Karina, Henry-Jacques Huet,Jean-Luc Godard, Gilbert Edard, ...
Produtora: Société Nouvelle de Cinéma

Excerto (um diálogo; Um filme de 1960, entre o amor e a luta por ideais que marcaram uma geração, ainda que muitas vezes eram pequenas ilusões de algo por compreender).
«Há algo mais importante do que se ter um ideal. Mas o quê? É algo mais importante do que não se ser vencido. Queria saber o quê, exactamente. “Patético.” Quando andava no liceu, era uma palavra que eu admirava. Hoje, desprezo-a. “Taciturno.” Eis uma palavra belíssima, como Guillaume. Fico perdido se não fingir estar perdido. Acho que toda a gente tem um ideal. Portanto, há algo de mais importante que ninguém tem. Tenho a certeza de que Deus, por exemplo, não tem um ideal. Há uma frase lindíssima. De quem é? Creio que é do Lénine. “A ética é a estética do futuro.” Acho que é uma frase muito bela e também muito comovente. Reconcilia a Direita e a Esquerda. Em que pensam as pessoas da Direita e da esquerda? Hoje, por que se faz a revolução? Quando os reaccionários estão no poder, aplicam a política de Esquerda. E vice-versa. Eu ganho e perco, mas luto sozinho. Por volta de 1930, os jovens tinham a revolução. Malraux, Drieu la Rochelle, Aragon.

Nós já não temos nada. Eles tinham a guerra de Espanha. Nós nem temos uma guerra nossa. Além de nós mesmos, do nosso rosto e da nossa voz, não temos nada. Talvez o importante seja conseguir reconhecer o som da sua própria voz e a forma do seu rosto. Por dentro, ele é assim… E, quando o vejo, ele é assim. Ou seja, olham para mim e não sabem o que penso. E jamais saberão! Agora, uma floresta na Alemanha, um passeio de bicicleta… Acabou-se. Agora… uma esplanada em Barcelona. Agora… já acabou. Tento delimitar o meu próprio pensamento. E a palavra? De onde vem a palavra? Talvez as pessoas falem sem cessar, como os prospectores de ouro… para encontrarem a verdade. Em vez de revolverem o leito do rio, revolvem o leito do seu pensamento. Eliminam todas as palavas que não têm valor. E acabam por encontrar uma, sozinha. Ora uma única palavra sozinha… já é silêncio.Porque me ama?
– Não sei. Porque sou tonta

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