«Sempre foi para mim um
mistério o facto de os homens se sentirem honrados com a humilhação dos seus
semelhantes.» (1)
A trinta de Janeiro de
1948, despedia-se deste mundo físico um homem de uma imensa grandeza, que com
simplicidade, determinação e beleza soube congregar em si a dimensão única da
consciência da Humanidade. Fez da verdade e da justiça a sua causa de vida, enfrentou
o Império britânico com a força do espírito, com a sua satyagraha, onde juntou
a sua preocupação com os outros à ideia de não-violência.
Albert Einstein, disse
dele, em 1948, «gerações vindouras dificilmente acreditarão, que um homem
destes, de carne e osso, tenha alguma vez andado por este Planeta».
Relembramos, hoje, os sessenta e seis anos de uma memória excepcional, Mahtama
Gandh e lembrar os esquecidos ideais humanos, na medida em que essa memória
representa a consciência da própria humanidade.
Falamos aqui de uma figura
intemporal que lutou com energia, abnegação e inteligência por um mundo mais
justo e mais igual entre todos. Com consciência lutou pela verdade nas relações
humanas, mostrou-nos que a força do espírito, alimentado pela razão pode vencer
impérios e que não existem deuses acima da Verdade, considerada como valores
universais.
Lutou pela independência
da Índia através da desobediência civil, através de marchas cívicas de protesto
ordeiro, aceitando o sofrimento para justificar uma causa nobre e defendendo a
verdade, mesmo que representada num só homem. Defendeu o trabalho manual, a
reposição da dignidade entre todos, a recuperação da auto-estima dos mais
humildes na sua construção individual do futuro. Conduziu a sua vida na conquista
de um sonho, o mais elevado. Iluminar a Humanidade para um caminho de paz e
harmonia. Deixou-nos elevados valores ligados à liberdade individual, condições
para afirmar a liberdade política, a justiça social e a tolerância.
Criou um pensamento que assentava em dois
princípios: a Satyagraha (a força da verdade e do amor) e o Ahimsa (a
não-violência). Todos os movimentos que no século XX lutaram contra a opressão
dos impérios coloniais, ou contra a violência ou o racismo inspiraram-se nele.
Todos os homens que aspiraram no século XX a um mundo melhor, livre da
injustiça social, da guerra e da ditadura individual foram procurar motivação
nas suas palavras.
De Martin Luther King a
Nelson Mandela e a Aung San Suu Kyi na Birmânia, todos compreenderam que a
força do seu exemplo e a nobreza da sua causa permitiram fazer evoluir o Homem.
Da guerra do Vietname à praça de Tianamen, o seu exemplo deu força à coragem de
alguns para se construir uma Humanidade mais fraterna. Este homem, vítima da
intolerância, no seu próprio tempo, com as questões relacionadas com a
separação da Índia e do Paquistão, após a saída dos Ingleses, guardou para nós
o melhor de uma consciência mundial, disponível a todos.
(1) Mahatma Gandhi, 1893,
durante os protestos na África do Sul
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