Ainda está por deslindar o essencial da história desta feliz coincidência entre a desumanidade mais sistemática e uma forma de simpatia ou de indiferença geradora de uma cultura tão elevada". (1)
A vinte sete Janeiro de 2005, a Assembleia-Geral dass Nações Unidas instituiu este dia, como o Dia do Holocausto, em memória das vítimas daquilo que o nazismo chamou a solução final. No mesmo dia, em 1945 era libertado um dos locais, onde a Humanidade perdeu a sua dignidade, os campos de concentração de Auschwitz-Birkenau. É um dia e um acontecimento que nos remete para o mais difícil de explicar na História da Humanidade.
Alguns escritores e cineastas têm tentado explicar esta doença mais cruel do espirito humano, que foi o nazismo. Deixamos alguns dos filmes que melhor deram conta desta incapacidade de como sociedade impedirmos o inaceitável. São muitos deles em grande medida documentos históricos sobre o Holocausto e o Nazismo.
A Biblioteca passará ao longo do dia, uma dessas obras, O Pianista, de Roman Polanski e fará uma breve mostra de livros sobre o nazismo. Nos intervalos passarão excertos da Lista de Shindler. É importante e necessário nesta data pensar como a cultura, a educação, o conhecimento permite ou não estabelecer elementos essenciais na construção de sociedades evoluídas materialmente e como estas se podem conciliar com as mais tenebrosas formas de existência.
Se em A Noite e o Nevoeiro, de Alain Resnais, tomamos contato com o foco onde as imagens de uma câmara de filmar projectam o fundo trágico do cenário inquietante e incompreensível da Soah, em O Ovo da Serpente, deIngmar Bergman, onde este nos dá a procura de uma resposta para que se visualize a origem desse mal e o modo como os fantasmas emergiram da noite para a luz.
Em A Saudade de Veronika Voss de Rainer Werner Fassbinder, reconstroem-se as memórias do nazismo, onde somos devolvidos à construção de vidas, de uma sociedade triunfante sobre os escombros de uma moralidade sem direitos humanos e onde a reconstrução do pós-guerra se torna impossível de concretizar, para os que no passado recente o tinham alcançado. Em A Vida Maravilhosa e Horrível de Leni Riefenstahl, de Ray Muller, temos acesso a um documento interessante para compreender como ocinema e a arte podem estar ao serviço da propaganda que condicionaou milhºoes nas suas vontades e opções de vida.
Leni Riefenstahl, em O Triunfo da Vontade, filma todo o aparato das massas nos comícios do partido nazi em Nuremberga. Apesar de trágico, é um filme que nos mostra como o cinemapode criar líderes e influenciar multidões e como ele pode funcionar como documento da História e criador de ideologias.
A Lista de Schindler, de Steven Spielberg, dá-nos o retrato do que significa o Holocausto para milhões de judeus e o como estar vivo era apenas uma questão de sorte, a de alguém escolher para um trabalho que permitisse a sua sobrevivência. Oscar Shindler optou, como membro do partido, de usar a sua influência para salvar pessoas da morte. O Pianista de Roman Polanski, confirma-nos essa ideologia de morte, dos mais baixos níveis de indignidade humana, numa história verídica sobre um homem que viveu esse pesadelo e pôde sobreviver.
(1) George Steiner, O silêncio dos livros
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