quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Das palavras de Vergílio (VII)

A solidão é algo inexplicável, quando se sente.
É o cansaço.
É abandono.
Nada parece real.
Parece um breve momento.
Nunca acaba.
É uma sala escura. Por entre a ranhura da porta vê-se um risco de luz, como se estivéssemos presos num canto.
Como se abríssemos a boca, mas nada saísse.
Ninguém que nos ouve. Estamos sós.
É um beco sem saída, sem rumo, sem sentido.
É o desespero total, é a alma vazia. É um buraco sem fim, onde caímos na tentação de procurar a felicidade. 
Caímos, e não batemos no fundo. Caímos, caímos, mas nada parece funcionar. 
Não nos sentimos como antes, estamos sem a doce voz que nos conforta antes de dormir.
É a falta de integração.
É uma sociedade distante.
É um sorriso baço e desfocado.
São olhos penetrantes.
É uma estrada com curvas sem fim.
A consciência está num ciclo sem fim.
Nada faz sentido.
Estamos sós.

Mercês, "A solidão", 10º C2

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