A casa onde às vezes regresso é tão distante
da que deixei pela manhã
no mundo
a água tomou o lugar de tudo
reúno baldes, estes vasos guardados
mas chove sem parar há muitos anos
Durmo no mar, durmo ao lado de meu pai
uma viagem se deu
entre as mãos e o furor
uma viagem se deu: a noite abate-se fechada
sobre o
corpo
Tivesse
ainda tempo e entregava-te
o coração. (1)
Foi há seis anos
que a Madeira amanheceu com um aluvião que levou na corrente sonhos, memórias e
quotidianos. Nas palavras e no coração as memórias de uma paisagem humana que
foi preenchida pelos nossos sonhos, mesmo agora que a tragédia nos faz duvidar
das paredes e dos aromas que aqui experimentámos. Fernando Alves, com a magia e
a sabedoria de quem olha com espanto o real que nos é dado a viver, deixa-nos
um podcast que dispensa apresentações. A ouvir como uma oração. Aqui.
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