quarta-feira, 4 de maio de 2016

Do tempo do desenho animado

Hoje é já um produto de museu, uma arqueologia de um tempo de poucas possibilidades, neste de desperdício de recursos pelo essencial, vivido sem necessidade de encantamento, nem de histórias e construído diariamente em televisões onde se leiloam espectáculos passageiros de nada significativo.

Há muito, muito tempo, quando o mundo parecia tão mais limitado nas oportunidades, os jovens puderam conviver com uma das formas de arte que na cultura anglo-saxónica se foi desenvolvendo , desde os anos trinta. A partir do fim do cinema mudo, dos anos vinte, Walt Disney criaria uma galeria de figuras que enterneceram sucessivas gerações e lhes deram horas de divertimento, num tempo e num País onde apenas o protótipo de um Sr. Silva parecia ter cabimento. Num mundo em conflito nada acontecia em Portugal.


Foi a partir do 25 de abril que o cinema de animação começou a ser mostrado na televisão. Figuras inesquecíveis como o Rato Mickey, O Pateta, o Gato Silvestre, ou mais tarde os Lonely Tunes e as Merrie Melodies trouxeram um conjunto de realizadores que em animação davam aos mais pequenos e maiores uma forma de distração, mas também de cultura. Mais tarde surgiriam ainda figuras tão interessantes, como fascinantes, como os Flintstones ou a Pantera.

O homem que em Portugal nos trouxe tantas dessas figuras, tendo contribuído para o desenvolvimento da banda desenhada e do cinema animado chamava-se Vasco Granja. Foi igualmente uma figura que lutou pela liberdade de expressão durante o Estado Novo, e esteve ligado à dinamização da saudosa revista Tintim. 

Aqui fica uma singela evocação da memória de um tempo ainda próximo, mas já tão longínquo, na figura de um homem que trouxe até nós um mundo cheio de fantasia e encanto, e por isso a beleza de novas descobertas. Vale a pena descobri-lo num tempo que perdeu de vista o essencial.

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