Fernando Pessoa
"["A minha pátria é a língua portuguesa]", escreveu, profeticamente, Fernando Pessoa. O seu génio expressou-se também, inúmeras vezes, em língua inglesa - mas aquele que viria a tornar-se o mais internacional dos escritores portugueses sabia que cada língua tinha a sua cor, a sua luz e a sua música própria, e que a arte da escrita consiste em levar para lá dos limites convencionais os dons expressivos de cada língua.
A sua primeira originalidade foi essa: a de se entregar ilimitadamente à sua língua, sem complexos de mando nem de escravo. Por isso escreveu sobre o conhecido e o
desconhecido, o alto e o baixo, a estética e o comércio, a política e a astrologia. Criou uma constelação de heterónimos e semi-heterónimos - incluindo uma extraordinária Maria José - que lhe permitiriam explorar, visceralmente, as mais diversas possibilidades do ser.
desconhecido, o alto e o baixo, a estética e o comércio, a política e a astrologia. Criou uma constelação de heterónimos e semi-heterónimos - incluindo uma extraordinária Maria José - que lhe permitiriam explorar, visceralmente, as mais diversas possibilidades do ser.
E foi, evidentemente, um poeta inultrapassável - o tempo paralisa-se diante dos seus textos, sempre inscritos numa verdade futura. Semeador de papéis com um único livro publicado em vida (Mensagem), sonhador de impossíveis que jamais se deixou esmagar pela monótona incompreensão do seu tempo, Fernando Pessoa deixou uma obra múltipla e incisiva, que continua a surpreender-nos, a seduzir-nos e, acima de tudo, a desafiar-nos a quebrar as fronteiras do corpo e da alma, da vida e do sonho, da reflexão e dos sentimentos. Uma obra absolutamente universal".
Inês Pedrosa, Sobre Pessoa, Casa Fernando Pessoa
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