Título: Esta distante proximidade
Autor: Rebecca Solnit
Edição: 1ª
Páginas:291
Editora: Quetzal
ISBN: 978-989-722-221-4
CDU: 821.111(73)-34"20"
Sinopse: É um dos grandes livros publicados no último ano. Teve o National Book Award nos estados Unidos e é um livro sobre os livros, sobre a vida, sobre as histórias que se entrelaçam dentro de nós. As histórias do quotidiano, tão simples como os damascos que amadurecem, a memória das pessoas que passaram na nossa vida, a sua lembrança, ou ainda as linhas vermelhas como sangue que nos unem aos outros, mas também pela generosidade e imaginação ao que ouvimos e lemos.
"Qual É A NOSSA HISTÓRIA? Tudo está no contar. As histórias são bússolas e arquitectura; navegamos por elas, construímos os nossos santuários e as nossas prisões com elas, e não ter uma história é estarmos perdidos na vastidão do mundo que se espalha em todas as direções como a tundra ártica ou o mar de gelo. Amar alguém é pormo-nos no seu lugar, dizemos, que é pormo-nos na sua história, ou descobrirmos como contar a nós próprios a sua história.
O que significa que um lugar é uma história, e as histórias são geografias, e empatia é antes de mais nada um ato de imaginação, uma arte de contar histórias, e ainda um modo de viajar de um lugar para outro. (...)
Contamos histórias a nós próprios a fim de vivermos, ou justificarmos tirar vidas, mesmo a nossa, pela violência ou indiferença e a incapacidade para viver; contamo-nos histórias que nos salvam e histórias que são areias movediças onde esbracejamos e o poço onde nos afogamos, histórias de justificação, de maldição, de sorte e de amores infortunados, ou versões envoltas em cinismo que por vezes é uma roupagem bastante elegante. Por vezes a história desmorona-se e exige-nos reconhecer que fomos confusos, ou péssimos ou ridículos ou simplesmente que emperrámos; às vezes a mudança surge como uma ambulância ou um lançamento de ajuda em paraquedas. Não são poucas as histórias que são barcos que se afundam, e muitos de nós afundam-se juntamente com estes barcos memso quando os salva-vidas vogam à nossa volta. (...)
Pensamos que somos nós a dizer as histórias, mas muitas vezes são as histórias que nos dizem, dizem-nos para amar ou para odiar, para ver ou para sermos cegos. Muitas vezes, demasiadas vezes, as histórias põem-nos uma sela, cavalgam-nos, incitam-nos com uma chicotada, dizem-nos o que temos de fazer e nós fazemo-lo sem mais perguntas. A tarefa de aprender a ser livre exige aprendermos a ouvi-las, a fazer pausas e a ouvir o silêncio, a saber o seu nome, e depois tornarmo-nos contadores de histórias. Por vezes a chave chega-nos muito antes da fechadura. Por vezes há um história que nos cai no regaço."
Rebecca Solnit, Esta Distante proximidade. (2015). Lisboa: Quetzal, páginas, 12.- 15.
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