De que falamos nós, quando falamos das ilhas?
Creio que de formas. Das belas estranhas formas que elas nos sugerem ao olhar. Se as vemos no mapa, não são mais do que corpos fixos, plasmados à superfície das águas, sem nenhum fogo na alma. Apenas corpos terrestres em contínua permanência nas voltas, volutas e luxúrias do mar.
Porém, se olharmos de uma ilha para a outra, a perspectiva torna-se outra. Diferente da anterior. Diferem os sentimentos da lama; muda-se também a forma de ver as ilhas. O que dantes nelas era difuso e longínquo, agora como que se ilumina sobre a linha inesperadamente nítida da costa marítima. As cores, as coisas e as luzes da paisagem emergem ao lado das sombras.
E quando sobre as ilhas se descerra a imensa e húmida cortina que o mar segrega sob a forma de névoa e bruma, para as esconder de quem ali veio para olhar, outros relevos saem do encoberto para se acenderem no dia. Então sim, passam a ser uma visão revelada, aparição que se configura de outro modo nos nossos sentidos. As ilhas ganham um rosto, e esse rosto uma expressão. Os olhos enchem-se de um brilho maravilhado. Tornam-se coloridas e amplas de luz as paisagens. E todos nós passamos do segredo misterioso ao conhecimento amado das ilhas.
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