Uma nação
vive, próspera, é respeitada, não pelo seu corpo diplomático, não pelo seu
aparato de secretarias, não pelas recepções oficiais,(...); isto nada vale,
nada constrói, nada sustenta;(...). Uma nação vale pelos seus sábios, pelas
suas escolas, pelos seus génios, pela sua literatura, pelos seus exploradores
científicos, pelos seus artistas». (1)
José
Maria de Eça de Queiroz, o nosso Eça, nasceu a vinte de Novembro de 1845 na
Póvoa do Varzim, justamente há cento e sessenta e quatro anos. É um dos
autores mais importantes para o estudo da sociedade contemporânea portuguesa. A
sua obra continua imensamente actual.
Eça de Queiroz estudou entre o colégio da Lapa, na cidade do Porto e a
Universidade de Coimbra, onde entra no primeiro ano, em 1861. Em 1866 forma-se
em Direito e passa a viver em Lisboa, onde exerce a profissão de advogado.
Nesse mesmo ano inicia a publicação de folhetins que são publicados na Gazeta
de Portugal e mais tarde reunidos nas Crónicas Bárbaras.
Entre 1869 e 1870 publica diferentes
obras, como os versos de Fradique Mendes, O Mistério da Serra de Sintra em
parceria com Ramalho Ortigão e inicia a publicação das Farpas. Em 1871 é
nomeado 1º Cônsul nas Antilhas espanholas, transitando depois para Cuba onde
permanece dois anos. Em 1874, passa a desempenhar a sua actividade em
Inglaterra e é em Newcastle que termina o Crime do Padre Amaro. Entre 1883 e
1887 refaz algumas das suas obras e publica o Conde D’Abranhos e Alves &
Companhia. Em 1888 publica a sua grande obra, Os Maias e é nomeado Cônsul em
Paris. Continuará a escrever diferentes textos e obras, como A Ilustre
Casa de Ramires ou a publicação na Revista Moderna, em Paris.
Eça de Queirós tendo vivido na parte final do século XIX soube pela sua
capacidade de análise do quotidiano e da organização social, traçar com humor
algumas das características deste País. O diagnóstico de uma classe política naufragada onde os
interesses particulares parecem não ser capazes de organizar institucionalmente
o País, onde as ideias tantas vezes decididas em circunstâncias de acaso
parecem ameaçar um País de oito séculos de história à sua
sobrevivência. Vindo do século XIX é um modernista na escrita e no
pensamento que nos deixou. A sua obra tem a marca dos grandes escritores que
pretendeu agitar nos cidadãos de um País a ambição não só de existir, mas de
acompanhar a civilização nos seus aspectos mais modernos e transformadores da
vida.
A
utilização do humor, como forma superior de caricatura do mais banal e trivial
no quotidiano deu-lhe uma dimensão quase intemporal pela afirmação da cultura e
da arte como formas de exprimir uma sociedade. Sociedade cuja espuma dos dias é
diferente pelos mais evidentes motivos, mas cujas ondas ainda se organizam em
princípios que Eça explicitou há mais de um século.
(1) Eça de Queiroz, Distrito de Évora
Imagem, in contosdocovil.wordpress.com
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