Autor: Mário de Carvalho
Edição: 14ª
Páginas: 215
Editor: Porto Editora
ISBN: 978-972-0-04433-4
CDU: 821.134.3-31"19/20"
"Aperceberam-se de que o Senhor Deus percorria o jardim pela frescura do entardecer..."
É talvez um dos mais interessantes livros de Mário de Carvalho. Em Um deus passenado pela brisa da tarde, voltamos ao Império Romano, ao seu contexto cultural, aos símbolos da sua governação, através da história de um governador de uma cidade, justamente um duúnviro, Lúcio Valério e a sua chegada ao governo de Tarcisis. Nele vemos o afastamento do seu cargo num tempo de turbulência onde o Império já se sente incapaz de gerir o seu espaço e o dos povos nas suas fronteiras.
É um livro de um escritor maior pela qualidade da narrativa, mas também pela utilização de um quadro de recursos de grande significado. Trata-se de uma leitura muito interessante, que conduz o leitor num espaço narrativo que se alimenta dos condicionalismos particulares para o colocar ao sabor de um problema que não foi só do Império Romano. Ele é muito atual.
É um livro que nos faz interrogar até que ponto os sistemas políticos podem suportar as ideias de uma consciência livre e de homens corretos. É possível no governo da cidade não tomar em conta os seus rituais e não atender a uma satisfação pública como o critério mais relevante? É um livro que reconstrói no imaginário a atmosfera única que foi o início do tardo Império Romano. A justiça e o imaginário das convições sociais, de que modo são organizadas? É a sua garantia o que move mais as linhas de uma cultura dominante? Um livro sobre os momentos mais críticos, as tempestades e como os homens se podem organizar, os valores que podem ou devem manter.
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