Fevereiro, tempo de ser melhor pessoa, de encontrar os outros, de ser mais irmão, de construir pontes e renovar o olhar que pode ser mais humano, mais valente, mais além de cada um. Um abraço corajoso às feridas, às causas e às razões de ver, dizer e mudar. Ao privilégio de saber ter esperança.
Foi lançada, nas últimas semanas, em jeito de comemoração do 38.º aniversário, a nova música dos Xutos e Pontapés, intitulada Alepo, um tributo à mais martirizada cidade síria pela guerra.
À primeira vista, considero que a nova criação da banda é um grito de preocupação e protesto contra a situação devastadora que se passa em Alepo. Toda a canção apela à consciência do Homem, fazendo-o sentir o sofrimento do povo sírio.
Em relação à letra, sabe-se que é inspirada nas frases da conhecida rapariga síria, Bona. Que descrevia no twitter o que se passava à sua volta, em Alepo. A característica mais gritante é a existência de versos profundos e moralizadores, como por exemplo Diz-me tu se fores capaz/Como se canta pela Paz, que antecedem o refrão. No entanto, noutras partes da canção, aparecem versos soltos e a despreocupação com a rima é de tal modo propositada que, por algumas vezes apenas, parece que estão a dizer as consequências da guerra em voz off, com a melodia lenta típica do rock português a acompanhar.
Outro dos aspetos negativos diz respeito à produção do videoclip, considero o uso das imagens do sofrimento das crianças e dos adultos de Alepo para efeitos comerciais uma situação abusiva, pois viola a privacidade do povo em sofrimento.
Não obstante estes aspetos negativos, creio que a música é um testemunho efetivo e concreto de compaixão, o qual apoio totalmente, pois no fundo diz ao mundo que o povo português não é indiferente a este drama que flagela um povo há cinco anos e que parece não ter fim.
João Oliveira, n.º 11, 10.ºC1
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