quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Memória de Lennon...

«Embora saiba que nunca perderei o afeto
Por pessoas e coisas que já partiram
Sei, que hei-de parar muitas vezes para pensar nelas,
Na minha vida amar-te-ei mais.» (In my life, 1964)

Nasceu em Liverpool, a nove de outubro 1940, quando a Blitz se desmoronava sobre a pátria de Churchill, sendo filho de uma família de classe média baixa. Quando tinha quatro anos de idade, o pai abandonou a família e logo no ano seguinte passou a ser criado pela tia "Mimi". Com oito anos vai estudar na Primary School de Liverpool, revelando um interesse irregular na escola. Anos mais tarde frequentou um curso de Artes que não acabou. Em 1958 perde a mãe, desgosto que nunca conseguirá ultrapassar.

A partir de 1959, a sua vida é marcada pelo brilho das mais importantes formas de cultura popular do século XX, promovendo um impato social de gandes dimensões. Justamente os Beatles. Foram mais que um património de uma geração, pois influenciaram formas e processos culturais na sociedade. Participaram num movimento que esperava influenciar no mundo uma nova forma de o perceber e de o construir. Nos anos setenta, formará a Lennon Plastic Ono Band e participou em diversas campanhas em favor da paz no mundo. Lutará nos tribunais com a justiça americana, pelo direito de aí viver e é justamente nos Estados Unidos que a oito de Dezembro é assassinado.

Crescemos com ele e assim aprendemos a apagar as impossibilidades escritas nos manuais do conformismo. Descobrimos palavras e sons novos onde todas as cores eram possíveis apenas pela ideia de refletir o sonho, o jogo mental de exercitar a imaginação e a inteligência. Com assombro conhecemos linguagens novas, possibilidades maiores que pareciam conquistar o mundo. Percebemos com ele que o mundo não era o conto justo e encantado de fadas, mas com ele imaginámos o campo de possibilidades que podíamos construir. Com as palavras, com a música, com a poesia, em avenidas de sol mais brilhante.

É este o legado de John Lennon, o de ter connosco praticado eternos "mind games" onde a imaginação permitia celebrar um campo de oportunidades onde a paz, o amor e a dignidade dos valores nos permitia ser conquistadores dos dias. É verdade que no caminho se perdeu tanto que a sua ausência já superior a três décadas nos faz interrogar o que ele nos diria hoje. Positivamente, reflexivamente sempre o espelho do que somos em cada respiração. E a ideia essencial que se pode viver num mundo melhor, tendo a paz e o amor como formas de o desenhar. É ainda um sonho. Talvez seja sempre. É verdade, mas vale a pena lutar por ele.

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