As palavras têm uma efemeridade de eternidade, no sentido de com elas desenhamos as imagens, as ideias que pensamos poder fazer criar mundos onde nos sentimos bem, onde queremos adormecer, na esperança que cada manhã seja uma possibilidade nova, um caminho que nos reencontro connosco, a nossa respiração.
Os livros são assim sonhos deixados no nosso caminho, convites para abraçarmos outras tantas formas de ver o mundo, de navegar em geografias, em viagens onde o silêncio possa sussurar entre o vento, das histórias que nos fazem meditar sobre como criamos o nosso mundo, como o relacionamos com todas as individualidades que connosco habitam o quotidiano.
O amor às palavras, nessa ideia de as ver como construtoras do mundo e de nós, é uma tarefa difícil de realizar nas escolas pelo motivo pouco óbvio, mas estruturante de que naquelas se aprende a ler. E é essa a dificuldade maior, gostar de livros, fazer gostar de livros, pois por que não usamos todos esta chave única que faz abrir tesouros desenhados em espaços e tempos diversos, mas sempre com a ideia do convite. Todo o livro já formalizou um convite, que se dirige a nós.
Leituras com futuro não é um projeto da Biblioteca. É um projeto de criação de uma comunidade de leitura, com alunos do 11º ano, na disciplina de Estudos Literários, com a participação de um jornalista do Jornal de Letras e que ambiciona ler livros, discutir as suas ideias e as suas palavras. Neste projeto, dinamizado pela professora Filipa Barreto, o contacto com os livros e com os seus autores é um forma inovadora de trazer esse gosto, esse amor pelas palavras, essa efemeridade de eterno que todos procuramos.
Num tempo muito pouco dado a entusiasmos e a causas é essencial dar conta dos gestos apaixonados pelas causas. O livro e a leitura é uma grande causa. Os alunos tiveram uma atitude excecional de entrega ao livro, de questionamento ao valor das opções, das escolhas que com as palavras todos fazemos. O seu exemplo de dedicação e de maturidade parece-nos um valor que deve ser destacado, pois as escolas devem tentar ser aquilo que permita neles exprimir a criatividade. A imaginação para alimentar essa criatividade faz-se com percursos onde estejam o nosso rosto e a nossa respiração.
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