Em Outubro, quase tudo
volta enfim ao seu lugar:
os meninos na escola
e os pais a trabalhar.
Chega o poeta à janela,
vê as folhas secas no parque
e escreve uma vez mais
que os pés que pisam as folhas
fazem o chão crepitar.
Mas hoje o poeta tem sorte,
que o céu alto, azul e limpo
convidou para um refresco
um sol aberto, tão forte
que parece que o Verão
um sol aberto, tão forte
que parece que o Verão
ainda vai ali à porta.
Amanhã, porém, a chuva
virá, reclamar um lugar
ao céu hesitante do Outono.
E o poeta pensará:
"É tempo de me sentar
com a manta nos joelhos
e ouvir a chuva a chorar
no chão da rua e dos versos.
João Pedro Mésseder, O Livro dos Meses
Imagem, Copyright - Norbert Mayer - Autumn Days,
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