"Eu esperava ser tocado pela
elegânica, não pela imortalidade. (...) É uma prova daquilo em que acredito; as
pessoas podem viver juntas, mantendo intactos os seus próprios valores. Ver
aqui esta quantidade enorme de gente de vários países toca o meu lado
humano, o meu lado intelectual."
A cidade como um território de
conhecimento, o espaço físico, social e cultural onde cada um estabelece
relações de proximidade e de quotidiano. A cidade como espaço individual, de
conquista de sonhos, da ternura escondida nos olhos, na luz das estrelas que
nos visitam entre a dança das nuvens.
A cidade como construção, entre a
solidão dos passos conquistados ao tempo. Num território com tantos olhares, o
que podemos concretizar de descoberta, de encontro em avenidas de luzes, onde
cada solidão tenta respirar uma possibilidade. A cidade, os nossos passos no
desejo de conhecimento e conquista dos sorrisos e abraços que nos envolvam nas
esquinas que percorremos entre as luzes e a solidão.
Cidade Aberta, no sentido de um espaço
social e cultural que se deixa conhecer, onde uma multidão de pessoas de
diferentes origens convivem, onde experimentam a vida, a sua continuidade entre
os dias novos e os espaços da memória. Cidade Aberta reflecte sobre esse
encontro, sobre a nossa presença no quotidiano, sobre o multiculturalismo e o que
significa ser estrangeiro numa cultura, o que significa a individualidade numa
sociedade de écrans.
Cidade Aberta é sobre esse espaço
cultural e humano intrigante que é Nova Iorque, como a poderíamos habitar, como
a vemos, como a poderemos viver com a insegurança, o medo, a perda que
significou ali estar após o onze de Setembro. Teju Cole, pela voz de um médico
nigeriano, Julius tenta fazer esse caminho. Um caminho onde o sofrimento e a
solidão se realiza entre as dúvidas e a esperança de descoberta em cada
esquina, em cada rua.
Cidade Aberta procura ver, mais que
olhar e tentar encontrar-se na Big Apple com o outro, com a sua descoberta para
a construção de uma identidade, embora saibamos que assim sendo cidade aberta
não deveria ser esse território de solidão e tantas vezes abandono. A
fragilidade de tantos indivíduos e o modo como num espaço de consumo material
as diferenças podem ser questionados, dará à individualidade possibilidades de
ser aceite?
Pode a igualdade ser diluída num mar de
ideias vazias para com a respiração de cada um? Um livro imenso sobre a cidade,
e a incessante luta da liberdade para configurar as possibilidades humanas que
uma solidão numa cidade pode esvaziar e limitar o discernimento para se
encontrar com os outros. É neles, nos habitantes da cidade aberta que a
sociedade como um cosmos se desenvolve e onde o valor individual se inscreve.
Autor do texto: - Profº Bibliotecário - Luís Campos -
Autor do texto: - Profº Bibliotecário - Luís Campos -
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