«Aquele que possui em si a plenitude
da virtude
É como uma criança acabada de
nascer» (1)
Mozart e a sua família viajaram por diferentes cortes. Nelas, o jovem Mozart tentou revelar os seus excelentes dotes musicais. As cartas, por ele deixadas e escritas à sua família, quando já era adulto revela-nos um compositor habitado por elevados valores humanos. Revela-nos que as suas dificuldades financeiras foram muito devidas à sua ingenuidade, a essa ideia de que o génio, a capacidade de fazer será sempre reconhecida pelos outros. No século XVII os serviçais da Corte ainda valiam mais que um músico, mesmo do valor de Wolfgang Amadeus Mozart.
Mozart é um dos mais elevados marcos da música
universal e do pensamento. Criança prodígio na execução dos sons, compositor de
centenas de obras musicais tentou por sua conta e risco mostrar o seu talento
sem a sombra de patronos. Tendo sido um dos maiores compositores
universais onde a complexidade nos é transmitida de forma simples, morreu
jovem. Homem otimista, esforçado nas suas tentativas para ser livre, viu
postumamente o seu génio ser reconhecido. Músico brilhante nunca quis abdicar
da sua honra e da sua consciência, mesmo perante os mais poderosos.
Mozart é igualmente um marco na história do
pensamento porque representou um esforço para libertar a sociedade humana do
controle realizado por aquilo que foi chamado A Cidade de Deus. No século XVII a Europa
Continental ainda estava longe de tolerar diferenças religiosas. Algumas das
óperas de Mozart, procuraram mostrar que no serviço a Deus existiam diferentes
caminhos. A tolerância e a procura do próprio conhecimento é um direito do
Homem. Don Giovanni representa a tentativa de procurar esse caminho novo, ao
encontro de uma liberdade que seja acessível ao género humano.
A
condenação final que ouvimos em Don Giovani é ainda a confirmação de uma sociedade velha onde o controle
apertado da religião sobre os indivíduos é manifesta. De uma forma geral, pelos
sons que criou Mozart, perto dos finais do século XVII, ajudou a construir
esse trajeto que levaria à liberdade individual do Homem «e à possibilidade de este criar o seu
próprio caminho. Naturalmente pela vida que teve e pelo património que deixou,
podemos concluir com Zhu Xiao - Mei «Mozart é uma criança (...) que tudo
conheceu. Uma criança que teve a profundidade de um velho sábio».
(1) Zhu
Xiao-Mei. (2007). O Rio e o seu Segredo. Lisboa: Guerra e Paz.
Imagem - As viagens entre as Cortes da Europa
Autor do texto: - Profº Bibliotecário - Luís Campos -
Autor do texto: - Profº Bibliotecário - Luís Campos -
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